Olha só o que você fez comigo ou Sobre um cadeirante que redescobre o amor (de novo)
- Júlia Mayumi
- 22 de fev. de 2016
- 3 min de leitura
Um deficiente físico rabugento conhece uma moça e, com a ajuda dela, redescobre as cores da vida. Rola um clima entre eles, e acabam se apaixonando. Já ouviu esse enredo? Pois é, eu também. Publicado no Brasil em 2013 pela Intrínseca, rainha dos best-sellers young adults norte-americanos, a história apresenta Will, 35 anos, abastado tetraplégico graças a um acidente de moto, e sua cuidadora, Lou, 26 anos, que se recusa a sair de sua zona de conforto - que inclui morar na casa dos pais com a irmã, o sobrinho e o avô que sofreu um derrame, e namorar um maratonista que exercita o corpo muito mais que a mente. Juntos, ambos descobrem novos jeitos de enxergar a vida e aprendem sobre tolerância, respeito e aceitação.

"Como Eu Era Antes de Você" foi escrito pela americana Jojo Moyes, e a adaptação para os cinemas será lançada ainda esse ano, protagonizada por Emilia Clarke (Daenerys Targaryen em GoT) e Sam Claflin (Finnick Odair em THG) - aliás, a presença dele no elenco foi o que acabou me levando a conhecer a história. Afinal, é sempre bom ler o livro antes de ver o filme!
Voltando ao romance: em uma escala de zero a dez, merece um três, quatro no máximo. Além do enredo batido, os personagens são beges, sem aquelas peculiaridades marcantes típicas das modinhas românticas; as pinceladas de humor quebram a monotonia, mas nada que te faça rir de verdade. Embora seja uma história triste - mano, o cara só consegue mexer do pescoço para cima e alguns dedos -, não traz aquele aperto no peito característico; no máximo, você lê e pensa "okay, Deus, sou grata (o) pelas minhas pernas e braços". Fiquei mais triste vendo Divertida Mente do que lendo Como eu era antes de você.

MAS como nos ensina a filosofia chinesa do yin-yang, tudo tem seu ponto positivo. No caso, a autora traz dois temas interessantes a serem discutidos: a deficiência física e a morte assistida. Sobre o primeiro, em algumas passagens o livro nos mostra as dificuldades de circular pelas cidades em uma cadeira de rodas (Will ainda tem muita sorte por ser rico e ter uma motorizada), desde locais sem rampas até estacionamentos não asfaltados. Já o segundo, que trata especificamente de clínicas como a Dignitas, na Suíça, abre um debate delicado: se uma pessoa doente não tem mais esperanças, é certo deixar que ela termine com a própria vida? A autora parece acreditar na ideia de aceitar a decisão do próprio enfermo, sem necessariamente apoiar a resolução dela (e), mas esse é um assunto muito particular e que atrai opiniões divergentes.
"Como eu era" é um livro padrão da modinha, que entra na onda do sick-lit, a literatura para adolescentes que traz personagens com diversos tipos de enfermidades. Com diálogos fáceis, o enredo, embora carregue uma temática um tanto quanto pesada, não causa desconfortos ou questionamentos internos - chega a ser enjoado e meloso demais. Assim que eu entender por que raios ficou tão famoso, eu edito este post e compartilho a informação - juro que eu o classificaria como "romance de banca de jornal" de qualidade média para inferior.
Recomendado:
- Matéria do jornal O Globo sobre "sick-lit"
http://oglobo.globo.com/cultura/sick-lit-nova-polemica-literatura-para-adolescentes-7633735
- Resenha de alguém que gostou do livro
http://www.nomundodoslivros.com/2013/11/resenha-como-eu-era-antes-de-voce-de.html
- ASSISTA AO FILME, não pelo enredo nem nada, mas, se ele for fiel ao livro, VAI TER SAM CLAFLIN SEM CAMISA, MINHA GENTE!
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