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De amores impossíveis ou Sobre o socialismo na visão dos socialistas (finalmente)


Pepetela é um escritor angolano nascido em 1941 que vem causando frisson entre os pré-vestibulandos: a Fuvest, que seleciona alunos para a USP, adicionou sua obra, "Mayombe", à lista de leitura obrigatória de 2017. Embora a Lei 11.645/08 torne obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, a maioria de nós não é capaz de citar meia dúzia de escritores africanos. Na verdade, mal conseguimos nos lembrar de meia dúzia de personalidades africanas (aposto que você pensou em Nelson Mandela... Faltam cinco). Bom, parabéns, você acaba de adquirir mais uma fonte de conhecimento sobre literatura africana.

 

"O Planalto e a Estepe" foi publicado em 2009 e é narrado por Júlio Pereira, um jovem angolano branco que, após terminar o colégio com ótimas notas, recebe uma bolsa de estudos e vai estudar em Coimbra. Embora a ideia inicial fosse cursar Medicina, Júlio descobre que não se identifica com o assunto e une-se a outros estudantes africanos da universidade. Após perder a bolsa por notas abaixo da média, vai para Marrocos participar da Revolução que se desenrolava por lá. Ao se unir ao grupo, é mandado para Moscovo (Moscou, na Rússia) para aprender russo e estudar Economia.

Na Rússia, Júlio conhece o socialismo, do qual discorda em vários pontos, mas não chega a enfrentar gente importante por causa disso. É na Universidade que ocorre o clímax do livro: o protagonista conhece Sarangerel, filha de um importante ministro mongol, por quem se apaixona. Após um período de namoro, a moça engravida acidentalmente e, assim que os pais descobrem, é mandada de volta para a Mongólia, perdendo contato com Júlio pelas décadas seguintes.

 

O enredo é muito bem construído e repleto de frases maravilhosas. Críticas diretas e indiretas ao racismo e principalmente à hipocrisia dos governos socialistas dão um tom político ao romance, em contraposição à história de amor que é a coluna vertebral da obra. Com uma linguagem acessível, Pepetela apresenta o conflito leste-oeste na visão de alguém que participou de tudo isso, nos mostrando o outro lado da história (já que todos nós já vimos mi-lha-res de livros e filmes falando da Guerra Fria do ponto de vista americano) na voz de um homem que resistiu à corrupção que o cercava e que movia suas lutas pelo sentimento que nunca deixou de nutrir por Sarangerel, mostrando que a fidelidade aos ideais e o amor podem nos trazer esperança de um mundo mais justo.

 

Recomendado:

- Sobre a lei 10.639/03 e o ensino da cultura africana no Brasil

http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm

- Entrevista com Pepetela

http://www.buala.org/pt/cara-a-cara/nao-se-festeja-a-morte-de-ninguem-entrevista-a-pepetela

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